Aparecida de Goiânia
Vilmar Mariano assina ordem de serviço e Igreja Matriz será restaurada
Previsão é que as obras sejam concluídas dentro de 12 meses; templo centenário é tido como marco histórico e cultural de Aparecida
O prefeito de Aparecida, Vilmar Mariano, determinou nesta quinta-feira (26) o início das obras de restauração da Paróquia e Santuário Nossa Senhora Aparecida, conhecida como Igreja Matriz. Ele assinou a ordem de serviço numa missa campal realizada ontem na Praça da Matriz, onde fica o templo centenário, considerado monumento histórico e cultural de Aparecida.
A missa foi celebrada em gratidão pela restauração do Santuário, e nela Vilmar informou que as obras têm duração prevista de 12 meses. O investimento é de R$ 1,4 milhão, com recursos oriundos de emendas parlamentares dos deputados federais por Goiás Professor Alcides (PL) e Francisco Jr. (PSD) e contrapartida da Prefeitura de Aparecida.
Celebrada pelo arcebispo metropolitano de Goiânia, dom João Justino, a cerimônia reuniu centenas de participantes, entre autoridades públicas, fiéis e moradores.
“O que resume esse dia são as palavras alegria, fé e gratidão. A partir de hoje serão restaurados a história, a vida e a memória de um povo”, disse frei Ednilson Vaz, da Igreja Matriz.
O prefeito Vilmar Mariano afirmou que a restauração do templo é um resgate da história de Aparecida e uma conquista da cidade neste ano do seu primeiro centenário de fundação.
Vilmar ressaltou: “É um momento de muita emoção. A gente fica feliz porque é uma obra bastante sonhada pela comunidade católica. A história de Aparecida passa por essa igreja”.
O gestor ainda determinou que a Secretaria Executiva do Centenário e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano elaborem com frei Ednilson um projeto de revitalização, agora, da Praça da Matriz.
Rosildo Manoel, secretário executivo do Centenário, foi um dos principais responsáveis pela articulação do projeto de restauro do Santuário. Para ele, essa iniciativa valoriza o elo de Aparecida com a fé.
“A fé católica só vem aumentando na nossa cidade e contribui com o crescimento de Aparecida. Então, hoje o Santuário Nossa Senhora Aparecida faz parte da história do município”, avaliou Rosildo.
Por ser patrimônio cultural do município, a Paróquia e Santuário Nossa Senhora Aparecida está protegida por lei específica de tombamento federal. Por isso, o projeto de restauração passou pelo crivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O superintendente do Iphan em Goiás, Allysson Cabral, garantiu que a igreja será reinaugurada com aparência muito semelhante a do templo original. “A obra será composta pelos mesmos materiais usados aqui há 100 anos”, garantiu o gestor.
Vicente Souto é diretor da Marsou Engenharia, empresa contratada para fazer o restauro da Igreja Matriz. Ele explicou quais serão as primeiras providências nas obras, que iniciarão na segunda-feira (30).
“Vamos iniciar fazendo a remoção do piso interno e dos barrotes. Queríamos começar pelo telhado, que será 100% restaurado, mas por questões climáticas, vamos aguardar um pouco mais.”
Participaram ainda da missa os vereadores Arnaldo Leite (MDB), Isaac Martins (Mais Brasil) e Lelis Pereira (PP), o deputado estadual eleito Veter Martins (Mais Brasil), membros do secretariado municipal, o ex-prefeito Gustavo Mendanha e o arcebispo metropolitano de Goiânia emérito, dom Washington Cruz.
Durante as obras, as missas e demais atividades da igreja serão realizadas no Salão Paroquial e o prédio ficará cercado por tapumes.
O projeto de restauração
Para fazer as intervenções, foram levantados os aspectos históricos, artísticos, ambientais e antrópicos que influenciam o estado de conservação da igreja. E foram analisadas as principais alterações e patologias do monumento, com identificação de agentes e as causas que geram as alterações, construindo, assim, um modelo fiel ao das edificações.
O projeto estabelece a restauração das características físicas e construtivas e patrimoniais da igreja, observando o conjunto de elementos necessários à preservação da edificação, além de melhorias na parte elétrica, hidráulica, estrutural e de conservação do monumento. A igreja também ganhará um novo sistema de sonorização e videomonitoramento.
História da igreja
Inaugurada em 11 de maio de 1924 – dois anos depois da criação de Aparecida-, a igreja está localizada na Praça da Matriz, na região central de Aparecida. Sua implantação constitui-se em marco referencial para a cidade – que em 2022 celebrou 100 anos de fundação. Tais características permitem enquadrá-la como exemplar de arquitetura neocolonial.
Especificamente na região central de Aparecida, as terras correspondiam às fazendas de José Cândido de Queiroz e João Batista de Toledo. A região era denominada Lages, em alusão ao ribeirão que cortava a Fazenda Tangará, propriedade de um dos fundadores da localidade.
Naquela época, as missas eram celebradas nas fazendas pelos padres da Paróquia de Trindade, sendo um desejo dos moradores locais possuírem a própria igreja.
Segundo manuscritos de Benedito Silvestre de Toledo, em 20 de março de 1922 houve uma reunião entre quatro fazendeiros na Fazenda de José Cândido, com presença do padre Francisco Wend, que ali estava para rezar a missa. Eles concordaram em construir uma igreja dedicada à Nossa Senhora Aparecida, a partir de contribuições e doações de terra.
Para construir a igreja foi escolhido o ponto mais alto das terras doadas, considerado de fácil acesso à população. O Cruzeiro, doado por Aristides Frutuoso, foi fincado no local em 3 de maio de 1922. Foi improvisada ali uma capela, inaugurada em 11 de maio de 1922 pelo padre Antão. A construção da igreja começou no mesmo ano, com auxílio do povoado.
A igreja foi erguida com materiais encontrados na própria região, doados pelos benfeitores da obra. Era coberta em telhas cerâmicas tipo capa e bica, alvenarias de adobe, estrutura autônoma de madeira aroeira e assoalho em tábuas. A iluminação era a querosene.
A imagem de Nossa Senhora Aparecida foi doada por padres redentoristas e o altar, produzido por irmãos artesãos. Um novo altar foi feito onde hoje é o bairro de Campinas, em Goiânia, tendo sido buscado por José Cândido Filho em duas viagens de carro de boi.
Embora a igreja tenha sido executada já na segunda década do século 20, seu partido e solução formal-estilística guardam semelhanças com as soluções adotadas nas antigas matrizes das regiões mineradoras de Minas Gerais e Goiás ao longo do século 18.
São essas as características: torre única central, partido retangular em dois blocos, sendo o primeiro bloco mais alto, com nave central incorporando a capela-mor; e o segundo bloco ladeado pelo volume mais baixo, que corresponde às naves laterais e sacristia, contornando o volume principal.