Saúde

Homens não precisam mais ter medo do exame de toque retal

De acordo com Nota Técnica do Ministério da Saúde, decisão de execução do exame deve ser feita em conjunto entre o médico e o paciente assintomático

Por muitos anos considerado um tabu entre os homens, o exame de toque retal não é mais recomendado de forma rotineira para pacientes assintomáticos. De acordo com a Nota Técnica Nº 9/2023 do Ministério da Saúde, a decisão de realização do procedimento deve ser feita de forma compartilhada entre o médico responsável e o paciente, especialmente para os que possuem elevado risco para neoplasia prostática ou sintomas urinários que, eventualmente, podem estar associados ao câncer de próstata.

Segundo Jéssica Aparecida Pereira Rodrigues, docente de enfermagem na Estácio e mestra em ensino em saúde, com quase 10 anos de experiência em oncologia, o uso desta metodologia como exame de rotina não tem benefícios práticos para a prevenção do câncer de próstata, gerando, inclusive, resultados falso-positivos.

“Não há recomendação para rastreamento do câncer de próstata, uma vez que as evidências atualmente disponíveis apontam para balanço desfavorável entre os riscos e benefícios para a saúde dos homens. Caso o homem deseje realizar esses exames, deve-se realizar a decisão compartilhada, após o profissional de saúde conversar sobre todos os possíveis riscos do rastreamento”, afirma.

Além disso, organizações como o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) apontam que o exame não apresenta uma eficácia suficiente para reduzir a mortalidade por câncer de próstata e pode levar a diagnósticos falso-positivos. Segundo Jéssica, isso acomete o paciente a tratamentos desnecessários, que podem ter efeitos colaterais significativos.

“Os homens devem comparecer sempre aos serviços de saúde todo ano, independente da idade, para fazer a consulta de rotina. Especialmente aqueles com histórico familiar de câncer de próstata ou outras condições que aumentem a vulnerabilidade, devem buscar orientação médica individualizada para decidir sobre o início do acompanhamento. Mas não existe mais nenhum exame tecnológico, nenhum hemograma, Antígeno Prostático Específico (PSA) ou toque retal de rotina, somente se o paciente apresentar alguma queixa urinária ou tiver um risco aumentado para neoplasia da próstata, ele vai decidir junto com o médico se será benéfico fazer o toque retal ou o exame de PSA”, destaca Jéssica.

Ações

Durante todo o mês, diversas ações voltadas para a conscientização da população preenchem o calendário do Novembro Azul, estimulando discussões sobre a importância do diagnóstico precoce e do autocuidado, assim como campanhas com foco na saúde masculina e na prevenção do câncer de próstata.

“O Novembro Azul é crucial para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e detecção precoce desse tipo de câncer. A cada ano, mais homens se mostram abertos ao diálogo e entendem melhor os riscos da negligência com a própria saúde. A mudança cultural é gradual, mas o tema está ganhando mais espaço e mais aceitação na sociedade”, ressalta Jéssica.

Apesar de silencioso na origem, o câncer da próstata apresenta sinais como dificuldade de urinar, diminuição do jato de urina, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite e sangue na urina. “Se não for diagnosticado e tratado precocemente, ele pode evoluir para estágios mais avançados, aumentando o risco de disseminação para outros órgãos e tecidos próximos, como ossos e linfonodos”, completou.

Além do diagnóstico precoce, a especialista destaca que hábitos saudáveis como fazer atividade física, ter uma alimentação saudável, evitar bebidas alcoólicas e não fumar, podem evitar o risco de doenças crônicas, dentre elas, o câncer.

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