Câmara de Aparecida de Goiânia

Câmara Municipal de Aparecida discute intolerância religiosa em audiência pública

A propositura foi do vereador Willian Panda

Ocorreu na tarde da última terça-feira, 19, audiência pública sobre Intolerância Religiosa, de autoria do vereador Willian Panda. O evento tinha como objetivo debater assuntos relacionados aos preconceitos voltados às diversas religiões do município.

O evento contou com participações dos convidados André Luiz (presidente do conselho de igualdade racial), Carolina Dias (coordenadora do conselho de igualdade racial), Marina Coelho (representante da casa de axé), Dr Joaquim Adorno (delegado do grupo especializado no atendimento às vítimas de crimes raciais e delitos de intolerância (GEACRI), Dra Fernanda Pimenta (representante OAB Aparecida de Goiânia), entre outros.

“A falta de empatia que hoje, infelizmente, toma conta do Brasil e não é diferente do nosso município, ela precisa ser combatida. Eu acho que o trabalho feito dessa coordenação, não só na promoção, mas também na denúncia desses casos que vêm acontecendo, é muito importante” expressou o autor Willian Panda.

“Em nossa caminhada de muitas lutas, pela liberdade de crença e pelo fim dos preconceitos, percebemos nitidamente que a informação é algo fundamental para que asseguramos que os direitos estabelecidos em nossa constituição sejam respeitados na prática” citou o presidente do conselho de igualdade racial, André Luiz.

Durante a madrugada do dia 22 de março, a casa de axé foi invadida e atingida com depredação por criminosos. A líder religiosa e representante da casa Marina Coelho, relatou que não estava presente na hora do ocorrido, mas que foi surpreendida quando sua irmã de santo alegou que, no dia seguinte (23), encontrou o local com as paredes pichadas com frases como: “Jesus, o rei dos reis”, objetos quebrados e itens furtados. A representante contou que sua indignação é devida à falta de respeito com a instituição que, de acordo com ela, também é um ponto de acolhimento e exercício de fé. “A intolerância religiosa que fomos vítimas nos afeta profundamente, pois não somos os primeiros, e acredito que não seremos os últimos a sofrê-lo” disse Marina.

Marina Coelho mencionou o artigo 18° da declaração universal dos direitos humanos que afirma que “toda pessoa tem direito a liberdade de pensamento, de religião e consciência; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião, sozinho ou em comum, tanto em público como privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos”. Ela também citou o artigo 5° da constituição federal, termo VI, que diz que é “inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção dos locais de culto e as suas liturgias”.

De acordo com o Delegado Dr. Joaquim Adorno, as religiões de matrizes africanas têm sofrido cada vez mais, além da intolerância religiosa, o racismo, esses comportamentos geralmente começam com uma fala e terminam numa agressão.

Por fim, Adorno contou que a polícia civil de Goiás, recentemente, em agosto de 2021, criou o GEACRI, Grupo Especializado no Atendimento Às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância e, segundo o delegado, até a criação do grupo não havia política pública efetiva de combate à esses crimes, a importância da polícia ter feito essa delegacia especializada é justamente para dar relevância e combate a esses delitos específicos.

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