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“Ninguém vai admitir que governador seja apenas ordenador de despesas”, diz Caiado em seminário sobre Reforma Tributária

Em São Paulo, governador foi um dos convidados de debate realizado pelo LIDE Brasil, organização que reúne principais lideranças empresariais do País

Ao defender as garantias constitucionais dos entes federados, o governador Ronaldo Caiado apresentou críticas ao modelo apresentado para a Reforma Tributária. “Ninguém vai admitir que um governador e um prefeito sejam apenas ordenadores de despesas”, advertiu ao defender as prerrogativas e autonomia asseguradas aos gestores públicos. A declaração foi dada durante o primeiro painel do seminário realizado pelo LIDE Brasil (Grupo de Líderes Empresariais), realizado em São Paulo, nesta sexta-feira (19/05).

Caiado reconheceu a importância do comprometimento com a agenda da reforma tributária, mas pediu sensatez para alterar a legislação, bem como atenção às necessidades de estados e municípios. “Acredito na simplificação. Se há um ponto que está impedindo a nossa capacidade, a produtividade das indústrias para que elas sejam competitivas, vamos atacar aquele ponto”, sublinhou. “O Brasil cresceu 2,9%. Goiás cresceu 6,6%. Somos um estado que tem uma frente a fazer, temos um outro mundo a construir, diferente da realidade de outros Estados”, citou.

O evento reuniu lideranças políticas e especialistas para discutir o processo que visa alterações na tributação brasileira e demanda mudanças na Constituição Federal. Com ampla experiência no Legislativo, o governador defendeu a simplificação da Reforma Tributária para assegurar a viabilidade dentro do Parlamento. “Precisamos fatiar a discussão. Não adianta nós querermos uma Reforma Tributária, em toda a sua inteireza, de um dia para a noite. Ninguém vai aceitar perder as prerrogativas que tem”, considerou.

O economista e ex-ministro Luiz Fernando Furlan reforçou o entendimento de que a Reforma Tributária deve ser feita de forma progressiva, buscando garantir a aprovação do projeto. “Nem que ela seja fatiada, buscando a unificação de tributos. Feita passo a passo mesmo, não será da noite para o dia, o contribuinte precisa se acostumar com essa ideia“, defendeu.

O governador integrou o painel com o tema “A posição dos estados e municípios diante da reforma tributária”. Seguindo o mesmo entendimento de Caiado, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, defendeu uma visão pragmática na abordagem do tema. “Precisamos ir para a questão prática da vida real. Com a mudança da legislação, São Paulo perde R$ 15 bilhões”, afirmou ao citar as diferentes realidades existentes no Brasil.

Outros dois painéis foram apresentados durante a programação. Presente ao debate, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles afirmou que o atual regime tributário enfrenta problemas em função da complexidade e por isso é necessário simplificar as cobranças. “Tributam o produto de etapa em etapa até chegar no varejo, isso gera um problema imenso”, explicou durante a abertura do seminário.

De acordo com uma das propostas de Reforma Tributária, que tramita na Câmara dos Deputados, seria instituído o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS), um tributo federal. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) propõe que o novo imposto faça a substituição de cinco tributos: IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS. Com isso, a determinação da alíquota do imposto a ser cobrado seria feita após cada ente federativo fixar uma parcela da alíquota total do IBS, uma espécie de “sub-alíquota”, por meio de lei ordinária. Uma vez fixado o conjunto das “sub-alíquotas”, forma-se a alíquota única aplicável a todos os bens e serviços consumidos ou destinados a cada um dos municípios e estados brasileiros.

O evento que discutiu a Reforma Tributária também contou com a presença do presidente do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal, Carlos Eduardo Xavier; o ex-deputado federal e presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, Rodrigo Maia; os deputados federais Aguinaldo Ribeiro e Reginaldo Lopes; o senador Oriovisto Guimarães, e o vice-presidente de Relações com o Congresso Nacional pela Frente Nacional dos Prefeitos, Duarte Nogueira, que é prefeito de Ribeirão Preto.

 

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